Friday, 25 September 2015

Projeto Nós Mães: Cama Compartilhada

Nós Mães é um projeto criado por Laura, do blog Maede2, e mais 7 mães que irão fazer postagens quinzenais sobre as mais diversas experiências da maternagem.

E hoje o tema é: Cama Compartilhada


Aqui em casa não tem muita regra não, quando pequeninos e enquanto estava amamentando, eles sempre dormiam na nossa cama. Eles pareciam dormir muito melhor juntos de nós, acredito que pelo calor e todo amor que esse contato físico proporciona. A Leela quando bebê não estava dormindo muito bem em nosso quarto, parecia que nós atrapalhávamos o sono dela quando íamos dormir ou quando acordávamos, então com 4 meses decidi passar ela para o quarto dela. Eu fazia toda a rotina da hora de dormir, banho, massagem, historinha, música bem calma e relaxante e deu muito certo, ela começou a dormir bem melhor. Quando ela acordava eu a trazia para nossa cama e com o passar do tempo ela começou a acordar menos, até acordar apenas 1 vez na noite e daí eu a amamentava na poltrona do quarto dela mesmo. Já o Nicholas ficou em nosso quarto até os 6 meses. Ele ficava no cesto moisés, depois num mini bercinho que ficava bem grudado em nossa cama. Mas muitas vezes que ele acordava durante a noite eu o amamentava deitada na cama mesmo e nós dormíamos assim, abraçadinhos. Todos os dois às vezes acordam durante a noite porque estão doentinhos, ou assustados, ou tiveram pesadelo, e eu não me importo em trazê-los pra nossa cama, é muito gostoso dormir com eles. Eu acredito que cama compartilhada é muito saudável. É contato físico, amor, carinho, o conforto e a segurança que são tão importantes para o desenvolvimento da criança. Existem várias pesquisas científicas que comprovam os benefícios do contato físico, e da necessidade que os bebês e crianças têm desse contato, da atenção, do amor e do carinho dos pais. Portanto não acredito em regras, cada pai e mãe sabe e sente o que é melhor para seus filhos. Alguns bebês precisam desse calor e desse contato por mais tempo, e acho que os pais não devem se preocupar em passar o bebê muito cedo para o berço ou para o outro quarto. Acho que o mais importante é escutar os desejos de nossos filhos, perceber suas necessidades e tentar supri-las da melhor forma possível. Cada criança tem seu tempo, e precisamos respeitar isso. Muito mais cedo do que esperamos eles ganham sua independência e nós é que sentimos falta dos tempos em que queriam ficar 'grudadinhos'. ;-)

Wednesday, 16 September 2015

1 Aninho do Heitor: Festa saudável e sessão de fotos "Smash the Fruit"


A mamãe Camila é muito consciente sobre alimentação saudável e não gosta de dar nada artificial pro Heitor. Porém, na hora de planejar a festinha ‘natureba’ do filhote, quem disse que achava um Buffet que fazia algo diferente dos salgadinhos e refrigerantes e docinhos tradicionais? Disseram pra ela: “É só isso que as crianças comem mesmo” Ah, mas não é não senhor! Porque as crianças e os adultos se esbaldaram nas comidinhas naturais e super saudáveis que foram servidas na festa!  Além disso, a Camila optou também por uma versão mais natural do “Smash the Cake” e fez uma sessão de fotos linda e saudável que chamou de “Smash the Fruit”.




Veja abaixo o relato da Camila, as lindas fotos e o cardápio super gostoso e saudável da festa de 1 ano do Heitor feito especialmente pela nutricionista Betânia Monteiro.



"O 1º ano do meu bebê passou rápido demais e quando vi já era hora de preparar a sua 1ª festa de aniversario. Eu queria muito que fosse uma festa saudável e que tivesse coisas que ele pudesse comer. 


Não foi uma missão fácil encontrar quem adaptasse o cardápio. Todos queriam me convencer a aceitar os tradicionais cardápios com salgados, doces e refrigerantes dizendo que ‘é disso que criança gosta’. Em um Buffet  chegaram a dizer que eu estava pensando só no meu bebê com esse cardápio natureba e que deveria pensar nas outras crianças, me lembro que perguntei a ele o que ele não gostava de comer e ele disse "feijoada", tendo visto que o mesmo era noivo perguntei: “imagine se sua noiva optar por feijoada para o seu casamento, você irá gostar?” Então ele ficou todo sem graça, mas logo tentou me convencer a manter o cardápio tradicional devido aos recursos/brinquedos modernos, etc. Em meio a uma longa busca e já prestes a desistir eis que minha cunhada nutricionista Betânia Monteiro, me reanima e elabora um cardápio super gostoso e saudável. Mostrei o cardápio para minha amiga Renata Camilo, proprietária da Panificadora e Buffet Flor do Trigo e ela então concordou de preparar tudo da maneira como eu queria. Foi uma missão difícil, e tive que ser persistente, mas valeu muito a pena. Os convidados adoraram a comida e muitos elogiaram minha atitude, e as crianças comeram TUDO o que foi servido na festa, enfim foi um sucesso!.


Junto com a festa do 1º aniversario chega também a "moda" do ensaio fotográfico “Smash the Cake” que fica uma gracinha, mas que iria contra a todo cuidado que eu vinha tendo com a alimentação dele até então... Ainda mais que já tinha ouvido muitos casos em que os glacês e recheios haviam feito mal ao bebê... Então resolvi adaptar também o ensaio fotográfico para um mais natural e saudável e fizemos o "Smash the Fruit" e mais uma vez com a ajuda da minha cunhada nutricionista fizemos um bolo lindo de frutas. O Heitor amou, estão aí as fotos pra provar!










 

Confira aqui o cardápio da festa de 1 ano do Heitor:


Entrada: tomate cereja, azeitona, mussarela, presunto...
Barquinhas Coloridas (com legumes) e para rechear patê de frango com batata (sem maionese)
Jantar: Escondidinho de carne desfiada e galinhada...
Sucos naturais
No piquenique para as crianças: milho cozido, salada de frutas
Espetinhos de uva com morango, maçã, bananas, tangerinas
Sacolé de morango, melancia, kiwi e manga
Para servir depois do Parabéns: Bolo de banana sem recheios e coberturas
Creme de goiaba para servir junto ao bolo
Tudo natural e sem açúcar!
 

Friday, 11 September 2015

Projeto Nós Mães: Sobre o Pediatra Ideal

Nós Mães é um projeto criado por Laura, do blog Maede2, e mais 7 mães que irão fazer postagens quinzenais sobre as mais diversas experiências da maternagem.

E hoje o tema é: O Pediatra Ideal




Bom, eu não tenho muito que falar sobre esse assunto. Eu sempre levei meus filhos no mesmo pediatra que é primo de minha mãe e foi bem recomendado. Ele é muito atencioso e sempre examina bem as crianças pra tentar encontrar a causa do problema. Ele também me deu seu celular e liguei uma vez pra tirar uma dúvida, mas não me sinto muito a vontade pra estar ligando. Não tenho o que reclamar dele, porém sinto falta de um médico um pouco mais ‘amigo’, acessível, humano. Esse médico não é desumano, na verdade ele é simpático e não é nada arrogante como muitos médicos. Ele é profissional, faz o seu trabalho e pronto. Sem muito envolvimento. O que quero dizer com ‘humano’ seria mais no sentido em que falamos na humanização da saúde hoje em dia, em tratar as pessoas com humildade e respeito, em entender cada paciente em sua individualidade, investigar o problema pelo qual estão passando e tentar ajudar da melhor forma possível, ou seja um tratamento bem diferente daquele meio robótico de mal olhar na cara do paciente e passar uma receita cheia de antibióticos e remédios ‘sugeridos’ pelas grandes companhias farmacêuticas.
Como minha história fica por aqui, achei legal acrescentar a história de minha cunhada Talita, que por ser uma mãe de primeira viagem, passou por vários até encontrar o pediatra ideal, um que ele adora e respeita, e que dá toda a atenção que ela e seu filho precisam. Foi assim que ela me contou: “O primeiro pediatra era um bom médico, foi meu pediatra quando eu nasci, ele é muito conhecido é indicado por muitas pessoas, mas achei tudo muito ultrapassado, tudo pra ele é extremamente simples e normal porque ele vê aquilo tudo a dezenas de anos, mas pra mim q sou mãe de primeira viagem, quero mais detalhes, mais explicações, e menos ‘é assim mesmo’... Depois passei por outros e encontrei uma médica que por um tempo achei ideal, até meu filho ter uma pneumonia com 3 meses e meio de vida, e eu não consegui que ela o atendesse, por fim fui parar no plantão, e eu detesto plantão.. Porque lá os médicos não continuam o tratamento dos nossos filhos e dão os remédios mais fortes sem necessidade, os antibióticos... Até que aconteceu um dia à noite meu filho engasgou com sua secreção e eu passei o maior sufoco da minha vida, Deus colocou uma ótima pediatra lá no plantão que o atendeu e deu continuidade no tratamento dele no próprio plantão, porém ela só atende no CTI infantil e não tem consultório, e infelizmente não pude continuar com ela. Então continuei minha procura, e enfim encontrei o meu Pediatra ideal. Na primeira consulta o Arthur já tinha 5 meses, e ele fez o que nenhum médico tinha feito antes, ele perguntou até da minha gestação, do parto, dos exames que ele fez quando nasceu, que na verdade a gente faz mas poucas pessoas sabem o porquê daquilo tudo, ele me explicou exatamente tudo, olhou todos os exames dele de quando nasceu e esclareceu muitas coisas pra mim. Depois perguntou da rotina, de como ele é, como se comporta e eu que tinha uma lista em mãos, não fiz nenhuma pergunta, pois todas as minhas duvidas ele mesmo respondeu com suas explicações, foi paixão à primeira consulta! J
E apesar de ele ser um médico com a agenda muito lotada, (é extremamente difícil conseguir uma consulta com ele) e sua secretária ser uma pessoa muito desagradável, ele me dá um suporte maravilhoso, ele sempre me responde no WhatsApp e no Facebook. Qualquer dúvida que eu tenho, eu mando fotos, e ele me retorna. Enfim eu estou satisfeitíssima com ele. E o que eu sempre digo, pediatra tem que bater o santo, e o meu bateu com o dele e vice e versa, hoje eu levo meu filho lá, ele já está grandinho, mas mesmo assim a consulta dele demora 1 hora, ele pensa no filho e no bem estar da mãe também, ele sempre me aconselha pensando no meu melhor, conversa, é praticamente um psicólogo também J, ontem mesmo precisei dele, ele está em Natal viajando com a família, me respondeu no WhatsApp, me mandou fotos do lugar onde estava naquele momento e disse, estou aqui mas me chame a qualquer hora q precisar!”


Bom esse é o nosso relato, espero que seja útil para outras mães e de coração espero que elas encontrem esse pediatra ideal assim como a Talita encontrou, na verdade espero que cada vez mais existam médicos tão atenciosos como o dela ;-)

Wednesday, 9 September 2015

Sobre cortar o cabelo do seu bebê (sem sua autorização!)

Por acaso você já passou por uma situação um tanto desconfortante: alguém cortou o cabelo do seu filho(a) sem pedir autorização? Como você reagiu? 

Primeira vez (oficial) do Nicholas cortando o cabelinho!

O Certificado fofo que a Leela recebeu da cabeleireira no shopping de
Dublin

Pois é, eu tenho algumas histórias engraçadas, e de certa forma preocupantes. Me lembro quando meu afilhado era criança, tinha um cabelo lindo, loiro e encaracolado, como de um anjinho, e sua mãe adorava passar creme e cuidar daqueles caixinhos dourados. Muitos elogiavam, eu particularmente achava lindo, meu príncipe parecia um surfistinha smile emoticon. Porém minha irmã estava separada do pai, e toda vez que seu filho ia ficar na casa do pai e da avó paterna era aquela decepção quando ele voltava: haviam cortado seu cabelo! Minha irmã não conseguia esconder o olhar de surpresa e frustração por tamanho desrespeito à escolha dela de como deixar e cuidar do cabelo do filho. A família do pai argumentava que o cabelo dele 'parecia de menina'. Algo parecido aconteceu com uma amiga, que deixava o bebê de 10 meses para uma babá cuidar. Um certo dia, ao buscar o bebê, percebeu que seu cabelo havia sido cortado. Ao ser questionada a babá disse que não havia cortado, mas era visível e minha amiga também teve aquele mesmo sentimento de surpresa - frustração - raiva, por alguém ter de certa forma invadido a privacidade de sua família e tomado decisões sem lhe consultar. Decidi postar sobre isso hoje porque algo parecido aconteceu comigo, meu bebê estava sendo cuidado por uma amiga de minha mãe, e como a irmã dela é cabeleireira, ela pediu que a irmã cortasse o cabelo dele. Quando cheguei fiquei surpresa também, e um pouco incomodada, porque nunca tínhamos cortado o cabelo dele e queríamos que esse fosse um evento especial. Quando fomos cortar o cabelo de minha filha pela primeira vez nós fizemos disso um evento em família muito especial. Planejamos num sábado pra ir ao shopping onde havia uma cabeleireira infantil, tiramos fotos, filmamos, e ainda levamos pra casa um certificado e um saquinho com seus cachinhos, foi muito legal e guardamos uma lembrança linda deste dia. E era assim que estávamos planejando fazer com o Nicholas. Porém não foi nada demais, eu conversei com essa amiga, e até pedi desculpas por minha reação de surpresa, sei que ela não fez por mal e jamais a queria ver chateada. Porém acho importante levantar essa questão para que parentes, amigos e cuidadores tenham consciência da importância de consultar com os pais antes de tomar qualquer atitude em relação à criança, nesse caso, antes de cortar o cabelo. Parece algo banal (qual o problema em cortar o cabelinho dele?!?), porém para os pais não é, percebi que muitos se sentem como eu, eles querem tomar juntos essa decisão e participar daquele momento especial em que o bebê tem seu cabelo cortado pela primeira vez.

Tuesday, 8 September 2015

5 passos para ensinar CONSENTIMENTO para crianças (entenda como isso pode protegê-las)




ADELITA MONTEIRO – baseado no texto original de Michelle Dominique Burk
 (Aviso de gatilho (TW): abuso sexual, comportamento sexual impróprio.)

Há uns 20 anos, especialmente antes do Estatuto da Criança e do Adolescente, as crianças brasileiras não tinham voz, não tinham vez, e “não tinham querer” como diriam alguns de nossos avós. Porém, essa cultura de que a criança ‘não tem querer’ e não tem direitos felizmente está mudando. Hoje, entendemos que é importante ouvir e entender os desejos das crianças assim como dar-lhes voz para que possam verbalizá-los.
Isso não quer dizer que nos tornamos servos de nossos filhos fazendo todas as suas vontades, mas sim que ao menos os escutamos e procuramos atender seus pedidos se estes nos parecem plausíveis. É claro que sempre haverá situações em que não poderemos atender aos desejos de nossos filhos, mas esse é o momento de colocar o limite, de explicar as razões, de dialogar, de educar.
Alguns anos atrás também começamos a entender o significado de bullying, e a orientar crianças e adultos sobre certas brincadeiras que não são tão inofensivas, e que todos merecem respeito. Agora nossa atenção se volta cada vez mais para um outro termo: o consentimento.
Consentir significa permitir, autorizar, aderir, aprovar, significa acima de tudo, concordar. Com a lei Maria da Penha e a sanção da nova lei do Feminicídio no Brasil, a atenção da mídia se volta cada vez mais às injustiças sofridas pelas mulheres, e discussões sobre desigualdade de gênero, violência doméstica e abuso sexual, começaram a ganhar mais espaço. Dessa forma, começamos a questionar visões preconceituosas e típicas de uma cultura machista, tal como o hábito de culpabilizar a vítima do abuso ou violência pela roupa que ela vestia, ou por ela estar alcoolizada.
Grupos sociais e feministas que lutam pela igualdade de gênero em todo o mundo começaram então campanhas de conscientização sobre o consentimento. Não importa a roupa que a vítima estava vestindo, não importa se ela estava alcoolizada ou drogada, ela consentiu no ato sexual ou qualquer outra atividade que pode ter levado à violência? Estes mesmos grupos acreditam que é mais fácil prevenir a violência ensinando as pessoas a entender o consentimento do que lidar com as consequências desses atos violentos, incluindo a atitude sexista de culpar a vítima.
Por que é importante ensinar o consentimento às crianças?
Uma discussão polêmica que surgiu em 2014 foi sobre conteúdos do livro de memórias de Lena Dunham “Not That Kind of Girl” (Não sou uma dessas). Em algumas passagens, ela relata sobre sua relação de infância com a irmã mais nova, Grace. Dunham descreve subornar sua irmã por beijos, masturbar-se ao lado dela na cama, abrir a vagina de sua irmã, enquanto ela brinca na entrada da garagem, e faz, segundo suas próprias palavras “basicamente tudo que um predador sexual faria para conquistar uma pequena menina”.
A polêmica aconteceu em torno da seguinte questão: Lena abusou sexualmente de sua irmã ou foram apenas brincadeiras sexuais e curiosidades naturais da infância? É neste sentido que nossa atenção se volta para a questão do consentimento: independente de considerarmos as ações de Lena abusivas ou não, permanece o fato de que, em nenhum dos casos descritos ela teve o consentimento da irmã mais nova para suas ações. Também não está claro se Lena enquanto criança compreendia o significado de consentimento.
Portanto podemos dizer que o ensino do consentimento e discussões sobre seu significado é de extrema importância na educação infantil. A forma como ensinamos as crianças a dar, receber e compreender o consentimento na infância definitivamente irá influenciar em sua interação com outras crianças e adultos no futuro. O ensino do consentimento nem sempre tem que ser através de uma longa discussão, pois ele é um processo contínuo e que deve ser adaptado aos vários cenários e situações se colocarão diante da criança.
Então baseado no texto de Michele Dominique Burk, apresento aqui 5 passos simples para ensinar algumas regras do consentimento para crianças e dessa forma ajudá-las a reagir adequadamente quando confrontadas com determinadas situações.

1. Ensine-as a pedir Consentimento

Até pouco tempo nós não éramos ensinados a dar e pedir consentimento em nossas interações em casa ou na escola. E por isso também não passamos esse ensinamento às crianças. As crianças não agem de má fé intencionalmente, elas simplesmente ainda não aprenderam a pedir permissão para interagir com as outras.
É muito importante que a criança seja orientada no exato momento em que uma situação ocorre, por exemplo, se ela pegou um brinquedo da mão de outra criança, e a outra reagiu chorando, ficando emburrada, ou não disse nada, precisamos dizer à criança que tomou o brinquedo que ela precisa pedir a autorização da outra ANTES de interagir, fazendo questões do tipo: “Posso pegar… ?” ou “Está tudo bem se eu…?”. E da mesma forma, devemos orientar a segunda criança a reagir com segurança e ser enfática em sua resposta, dizendo, por exemplo: “Sim, tudo bem” ou ‘Não, eu não quero que você faça isso”.
Burk também ressalta que ao ensinarmos as crianças a pedirem permissão, “cria-se um passo extra em seu processo de pensamento: em vez de ir do impulso de “querer agarrar o braço de alguém” para imediatamente fazê-lo, eles se vêem obrigados a parar para pensar antes de ter a reação”.

2. Explique que o consentimento pode ser dado ou retirado a qualquer momento

Essa é uma outra questão que causa muita polêmica em nossa cultura machista. Se uma mulher casada sofre violência ou é estuprada, por exemplo, muitos acreditam que a culpa é dela mesma, que escolheu um parceiro abusivo, e que consentiu nesse tipo de relacionamento. Porém ao escolher seu parceiro e se casar com o mesmo não significa que ela consentiu com a violência ou até mesmo que ela sabia que este se tornaria violento.
O mesmo ocorre nos casos de “date rape” (‘estupro de encontro’ – quando o agressor marca um encontro com a vítima, via internet ou outros meios). Muitas vítimas desse tipo e violência não se sentem à vontade para denunciar o agressor, por se sentirem culpadas, e por achar que ao permitirem certo tipo de contato com o agressor, que este tinha o direito de ‘avançar’ para contatos mais íntimos. Portanto é importante esclarecer para as crianças que o consentimento uma vez dado, não vale por tempo indeterminado. O consentimento pode ser retirado a qualquer momento durante qualquer interação.
Da mesma forma, devemos esclarecer às crianças que o consentimento a um determinado tipo de contato físico não significa automaticamente que se tenha consentido a qualquer forma de contato físico. Consentir a um abraço, por exemplo, não significa que a pessoa também tenha consentido a um beijo ou outro contato mais íntimo, e familiaridade com uma pessoa também não significa consentimento. “Quando discutimos isso com as crianças, é fundamental explicar a importância de verificar frequentemente – com quem quer seja que estão interagindo – para ter a certeza de que o que estão fazendo está OK”, afirma Burk.

3. Discuta a importância do “não”

É muito importante que os adultos também compreendam que devem pedir consentimento em suas interações com as crianças e aceitar quando essas demonstram que não desejam certo tipo de contato. Muitas vezes, nós forçamos as crianças a abraçar ou beijar um adulto no rosto, mesmo que ela não queira, essa atitude as ensina que o “não” não é uma resposta aceitável. E dessa forma ela passa a não se sentir segura para dizer não às outras pessoas. Uma criança nunca deve ser forçada a interagir fisicamente com um adulto. Mesmo que esse adulto seja um parente, amigo da família, professor, etc.
Burk alerta: “em alguns casos, a aversão de uma criança para ser tocada por uma pessoa em particular pode até ser motivo para alarme”. Caso você perceba que uma criança não se sente confortável ​​sendo tocada por alguém, é importante ter uma conversa com ela para entender os motivos, e acima de tudo, demonstrar respeito por seus sentimentos.
Em outras palavras, ensine a criança a dizer NÃO e respeite sempre o não de uma criança. Deixe claro a ela: “você não tem que deixar ninguém tocá-la, se você não quer”.

4. Ajude-a compreender a diferença entre “não responder” e o “consentir entusiasticamente”

A idéia de ‘consentimento entusiástico’ é um conceito novo, porém de suma importância. Sua definição é esta: “um ativo, visível, inegável ‘sim’”. Muitas vezes quando uma criança interage com a outra solicitando, por exemplo, um abraço ou um brinquedo emprestado, a outra pode não responder. Isso não quer dizer que ela consentiu ou concordou com o ato.
É importante esclarecer para as crianças que uma não-resposta não é a mesma coisa que dizer “sim”. “Uma inabilidade de vocalizar um “não” pode acontecer por uma série de razões: medo de repercussões, sentimentos de desconforto, uma deficiência, e assim por diante”, afirma Burk.
Em relação ao toque especificamente, as crianças devem entender que precisam pedir permissão para tocar uma outra criança, e também precisam ter claro que a outra deve responder SIM. De acordo com Burk é assim que se ensina consentimento entusiástico. “Não importa a circunstância, se a pessoa não responder com um “sim”, então você não pode tocá-la”.

5. Siga suas próprias regras de Consentimento

Os adultos são o modelo de comportamento para as crianças. Portanto a forma como nós agimos e nos relacionamos com outras pessoas vai influenciá-las em suas interações futuras. Se não pedimos consentimento, se ignoramos a palavra “não”, ou se forçamos consentimento sobre a outra pessoa, não importa o quê digamos a uma criança, nossas ações acabarão por invalidar as regras estabelecidas.
Você nunca deve forçar uma criança a interagir fisicamente com você sem antes pedir o seu consentimento. Além disso, as regras para o consentimento que você acordou com uma criança devem ser aplicadas em todas as situações. As crianças devem entender que não importa se eles estão em casa, na casa de um amigo, na escola, ou no parque infantil – as regras sobre o consentimento se aplicam em todo e qualquer lugar.
Permissão ao invés de Perdão
Não é fácil nem simples conversar e discutir consentimento com crianças. Entretanto essas conversas tornam-se cada vez mais necessárias nos dias de hoje em que a violência aumenta e é naturalizada pela TV e meios de comunicação. É importante que tanto as crianças quanto os adultos compreendam o significado de consentir, de aceitar e concordar com algo, e que por outro lado também aprendam a aceitar o ‘não’ como resposta, a respeitar o desejo do outro e a entender que a falta do ‘não’ não significa um ‘sim’. É muito melhor pedir permissão, do que ter que pedir perdão após ter ferido ou chateado alguém.